Notícia postada originalmente em: http://www.bbc.com/portuguese/geral-42616527

Você já parou para pensar em quantas informações o seu telefone celular tem sobre você?

Também, pudera: ele está ao nosso lado do acordar ao dormir, media nossas comunicações com as pessoas e nos ajuda com as mais variadas consultas e tarefas.

Embora esses aparelhos saibam tanto sobre nós, talvez nós não saibamos tanto sobre eles – e sua capacidade de armazenar nossos dados.

É que, na memória do celular, está não só nossa lista de contatos, mas também registros dos lugares que frequentamos, as músicas que escutamos, os emails e as mensagens que recebemos, o horário em que acordamos… e muito mais.

Esses são os “metadados”, os “dados sobre os dados” que extraem discretamente detalhes sobre nossas comunicações, padrões de comportamento e rotinas diárias.

Confira a seguir algumas das coisas que seu smartphone “sabe” sobre você – e que você mesmo “contou”, provavelmente sem perceber.

1. A velocidade que você caminha

Os dados de localização do seu celular provavelmente contam uma história detalhada sobre você.

A maioria dos smartphones tem a navegação por GPS ativada, graças a aplicativos como o Google Maps – que costuma nos responder como chegar a um determinado lugar ou qual é o hospital mais próximo.

No entanto, os serviços de geolocalização também permitem que seu dispositivo conheça a velocidade com que você se move, seja de carro ou caminhando… entre outras coisas.

2. Onde você vive, trabalha e se diverte

O uso de serviços de geolocalização deixa metadados que “entregam” a localização da sua casa.

E não só isso: eles também podem identificar seu local de trabalho, a cafeteria mais frequentada ou um centro de saúde de referência.

“O seu histórico de localização é acessível para quem tiver ou puder ter acesso ao seu telefone”, explica a organização Tactical Technology Collective, dedicada ao controle dos “rastros digitais”.

“A Apple usa um algoritmo ou uma fórmula que deduz que a localização do seu telefone à noite normalmente é a sua ‘casa’, e se permanecer em outro lugar o dia todo, deve ser seu local de trabalho.”

Esses traços são úteis para as empresas.

“A menos que você já tenha desativado serviços de localização ou locais frequentes, seu telefone provavelmente está registrando sua localização no dispositivo”, diz o site da Tactical Technology Collective.

Você quer verificar isso sozinho? Siga estas etapas em seu telefone celular: “Configurações” -> “Privacidade” -> “Serviços de localização”. Se tiver um iPhone que funcione com o sistema iOS 7 ou uma versão mais recente, você pode até checar os locais mapeados selecionando “Localizações frequentes dos serviços do sistema”.

3. Seu preparo físico

Se você tem um aplicativo que auxilia na execução de exercícios físicos, na prática você está entregando para o celular alguns indicadores sobre sua saúde.

O mesmo acontece com ferramentas que monitoram quantas horas você dorme, ciclo menstrual ou frequência cardíaca.

“Provavelmente há mais informações sobre você no seu telefone do que na sua casa”, disse o diretor executivo da Apple, Tim Cook, à rede americana ABC News em 2016.

“Nossos smartphones estão cheios de nossas conversas íntimas, nossos dados financeiros, nossos indicadores de saúde. Eles também estão munidos, em muitos casos, da localização de nossos filhos”, acrescentou.

4. Quantos táxis você pega e o quanto deixa de dinheiro

Ao usar apps de transporte privado, como Uber, Cabify e 99, você deixa no seu celular um registro da frequência com qual usa esse tipo de serviço.

Mas os metadados muitas vezes vêm de fontes externas.

Em 2014, uma base de dados da Comissão de Limousines e Taxis de Nova York foi revelada, exibindo cada viagem realizada em 2013.

Esses dados, de acordo com a consultoria Neustar Research, continham informações sobre a origem e o destino de cada viagem e a quantia paga.

E esse é apenas um exemplo.

5. A que horas se levanta e se deita

Usar o celular como despertador é um costume muito comum dos nosso tempos.

Assim, os telefones também são capazes de registrar nossos horários de sono e monitorá-los. O iOS 10, penúltima versão do sistema operacional lançada pela Apple, é capaz de detectar, por meio do despertador, a que horas você dorme, se acorda durante a noite e quando finalmente desperta.

Esses dados podem ser usados para mapear hábitos ou para fins médicos. Mas eles podem também ser usados para fins mais estratégicos, como a venda de publicidade enquanto estamos acordados à noite – quando somos mais vulneráveis às ofertas de algumas empresas.

Embora, em última instância, seja você quem decida a quantidade de informação que compartilha com o celular.