Notícia originariamente postada em: https://endeavor.org.br/crowdsourcing/

Pensa num Maracanã de pessoas focadas em criar ou melhorar seus produtos e serviços. Você pode usar o crowdsourcing a favor da sua empresa!

Crowdsourcing. Se você não é muito ligado nesses conceitos alavancados pela disseminação das mídias sociais, talvez confunda esse termo com financiamento coletivo (crowdfunding). Ok, tem a ver, mas a perspectiva é diferente. Vamos explicar isso melhor.

Um exemplo de aplicação do crowdsourcing: você se lembra da onda de protestos que tomou conta do país em junho de 2013 e que ganhou forma a partir de discussões coletivas em mídias sociais (as chamadas “Jornadas de Junho”)? Após a eclosão das passeatas, foi criado um app chamado “Vem Pra Rua”, através do qual os manifestantes podiam trocar informações em tempo real sobre eventuais abusos da polícia, mudanças na programação e outras ocorrências. O que isso explica?

Quando as pessoas de reúnem para agregar seus conhecimentos em torno da solução de problemas, estamos falando de um processo colaborativo chamado crowdsourcing.

São menos de 10 anos de existência e milhões de empresas aderindo a este modelo!

O termo ainda é relativamente novo. Foi citado pela primeira vez em 2006 quando os editores da Revista Wired, Jeff Howe e Mark Robinson fundiram as palavras crowd (multidão) e outsourcing (terceirização) para se referirem a um novo conceito de interação social, baseado na construção coletiva de soluções com benefícios a todos.

Grosseiramente falando, portanto, crowdsourcing é uma espécie de terceirização coletiva! Um modelo de produção que se usa se conhecimentos coletivos e voluntários (recrutados especialmente na internet) para solucionar problemas do dia a dia, desenvolver novas tecnologias, criar conteúdo ou prover serviços. Nos dias de hoje, milhões de organizações já usam essa estratégia para receber serviços e soluções a baixo custo (até a NASA!)

Para que ele serve em uma empresa?

O jogador de basquete Michael Jordan dizia que o talento vence jogos, mas só o trabalho coletivo ganha campeonatos. Levando em consideração que o ser humano é um ser social, que se constrói individualmente a partir do eco das vozes externas ao seu redor, não é difícil pressupor quais as vantagens de trazer esse conceito para dentro de uma empresa (especialmente em seu início de vida). Esse sistema colaborativo pode ajudar um empreendedor a solucionar questões internas e externas de sua organização, as quais antes só poderiam ser resolvidas com terceirizações de alto custo. Algumas utilidades:

    • O crowdsourcing traz novos conhecimentos a baixo (ou nenhum) custo;
    • Solução de problemas ou obtenção de serviços 24 horas;
    • Muitas empresas usam estratégias de trabalho colaborativo para divulgar seus lançamentos a um grupo fiel de clientes (em primeira mão), a fim de que eles possam opinar e se sentir parte do projeto. Isso ajuda a engajar e fidelizar ainda mais o público em torno da marca. Um exemplo é a plataforma colaborativa da Fiat (Fiat Mio), que permite aos clientes da montadora opinarem no desenvolvimento de um carro-conceito (o qual servirá de base para lançamentos dos próximos modelos da marca italiana);
    • As empresas (especialmente as de pequeno e médio portes) têm aderido de forma crescente a comunidades (sites específicos) que concentram dezenas de profissionais de diversas áreas. Neles, você anuncia o que precisa, uma infinidade de profissionais lhe oferece seus serviços e você escolhe a opção que melhor se encaixa em suas necessidades, comprando pontualmente seu produto ou serviço diretamente na plataforma (compra de fotos para montagem de um catálogo, por exemplo).
    • A possibilidade de inovação permanente e ideias sempre novas, advindas de fora das paredes da empresa também é uma vantagem interessante de aderir ao crowdsourcing;

Esse conceito também pode ajudar o empreendedor no desenvolvimento de produtos, sobretudo durante a implantação do MVP (Minimum Viable Product), em seus testes de validação. Dessa forma, não é nenhum absurdo dizer que crowdsourcing pode auxiliar no customer development; até porque, embora tratem de processos diferentes, ambos tem como foco o feedback externo para “encaixar” problemas e soluções.

É importante lembrar que esse conceito pode ser usado com êxito também pelo Poder Público. No Cairo (Egito), por exemplo, o governo convocou cidadãos através da internet para oferecerem soluções para os problemas do trânsito dessa cidade caótica com mais de 17 milhões de habitantes!

Compartilhamento de ideias & soluções pela força da comunidade

Mas não ache que esse processo colaborativo (parente próximo da Economia Solidária, crowdfunding e do coworking) se limita à solução de problemas. Envolve projetos, investimentos e tecnologias desenvolvidas pelo coletivo. O app Waze – em que os usuários podem compartilhar informações sobre o trânsito e se ajudarem mutuamente – é outro exemplo clássico de plataforma de crowdsourcing! Quanto mais pessoas enviam dados estando conectadas, mais assertivas são as rotas propostas. Sem a participação dos usuários, a ideia morre.

O que pode ter ajuda da “crowd” na minha empresa?

Você não precisa ter medo de contar com a colaboração de outras pessoas para o beneficio do seu negócio.

Dentro das empresas, as áreas que mais se utilizam dessa ferramenta de construção comunitária são: Marketing & Vendas (branding), Desenvolvimento de Produtos (feedback de usabilidade) e a TI (programação e avaliação de softwares). Mas não há barreiras, em tese, qualquer departamento pode construir uma identidade por meio das múltiplas vozes de seus consumidores.

Qual o passo a passo para incorporá-lo na empresa?

A nova dinâmica do universo empresarial – baseada na tecnologia e na interconexão – impõe criatividade e novas formas de fazer negócio! Não é reinventar a roda, mas encontrar novas utilidades para ela. Ou, como dizia o especialista em Cultura Digital Gil Giardeli, “não precisamos de revoluções, precisamos de metamorfoses”.

1. O primeiro passo para quem quer obter vantagem competitiva através desses serviços é compreender “qual a cara de sua empresa?” ou “quem somos nós?” Afinal, não adianta buscar imergir em comunidades colaborativas se a própria cultura organizacional não favorece a colaboração.

2. Diagnosticar quais áreas da empresa precisariam de construção coletiva. Você já tem um logo? Seus softwares realmente têm usabilidade? Será que a campanha de Inbound Marketing que você quer lançar surtirá efeito? Precisa de uma consultoria jurídica pontual?

3. Criar anúncios em plataformas de crowdsourcing especializadas na solução de seu problema específico (jurídico, marketing, vendas, TI, desenvolvimento de produto, etc.).

Exemplos de sucesso do uso de crowdsourcing

a) Harley Davidson: em 2011, a Harley Davidson lançou nova campanha que estimulava a criação de um comercial de forma coletiva. O projeto, chamado “No Cages” (Sem Jaulas) dava a oportunidade de personalizar as motos que seriam veiculadas na campanha, por meio do site da marca. A ideia era que os clientes escolhessem as especificações e cores para o modelo Harley Davidson 1200.

b) Coca-Cola: é muito frequente ver a Coca lançando concursos de vídeos, slogans e até design para novas embalagens, instituindo prêmios aos vencedores.

c) McDonald’s: a maior rede de fast-food do planeta é especialista em melhorar seus produtos e processos por meio de processo colaborativo. Foi através do crowdsourcing que o McDonald’s mudou a cor de sua logomarca na França (lá, as tradicionais cores vermelho e amarelo foram substituídas pelo verde e amarelo, sabia disso?). Há alguns anos, o nome de um sanduíche lançado na Austrália também foi escolhido por colaboração dos clientes.

Perceba que a internet possibilitou encontrar respostas para as demandas empresariais através da participação de milhões de cabeças pensantes, barateando os custos com serviços e obtendo resultados de melhor qualidade! Criação social é o futuro da indústria: bem-vindo à era das multidões! Bem-vindo à era do crowdsourcing!